quinta-feira, 27 de maio de 2010

terra

sonhamos tanto as estrelas
para escaparmos à terra
que nos acolherá?

sob esta luz artificial
o ar imóvel e tudo mais
estático...
... cenário impossível...
... palco de ilusões...
... para um público há muito ausente!...

até tocar o chão que pisamos
parece, por vezes, irreal!...

... sonharei eu, assim tanto, as estrelas?

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sábado, 17 de abril de 2010

só... um homem!...

sem música hoje
a povoar-me a mente
sem lentes
a clarear-me a vista

só... uma janela aberta lá para fora!...

som? só da chuva a cair e a escorrer sem pressa!...
olhos? os (sempi)ternos incapazes!...


... um melhor homem?...
... um homem melhor?...
... só...
... um homem...
... apenas...
... mais diferente...
... & prostrado na (in)gratidão...
... de apenas & só...
... o ser!...

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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

scrisoare de la Ioan

"Dragă Ioan,


a se vedea vă place că a rupt inima mea ... nimeni nu ar trebui să fie lăsat plângând în ploaie de genul asta! Sper că acţiunea mea mici, că mică contribuţie a ajutat tu un pic şi a contribuit la un 2010, cu o speranţă pic mai mult pentru tine si toate familia ta.


Vă doresc noroc pentru tot restul vieţii dumneavoastră şi faptul că revista "Cais", vă poate ajuta pentru a restabili demnitatea ei acolo - pe strada, la noapte şi ploaie, în timp plin la trafic maxim pentru toate pentru a vedea şi a ajunge la o mână, dar atat de departe de inima - simt pierdut acest lucru şi drenaj podea într-un tomberon!...


Cu stimă şi Portugalia nu fi atât de crud ca astăzi, părea să fie.

Fernando."


hoje, nas Forças Armadas às 19:30 em plena hora de ponta em Lisboa, Ioan, um emigrante romeno, chorava encolhido, curvado, sobre si próprio, sentado no separador central, à chuva... tal como eu, centenas de pessoas devem ter passado por ele...

... eu não fiz nada e nada mudei, sabendo que, do mesmo modo que ele amanhã voltará à mesma miséria em que o encontrei hoje, a minha consciência voltará a "adormecer" com a rotina e stress do dia-a-dia, que a todos nos aliena quase sem excepção, mas...

... fiz um nada mais que essas centenas, não digo indiferentes, mas sem a ousadia de parar o carro ou de voltar para trás e perguntar se aquele homem precisava de alguma coisa ou de algo que o pudesse ajudar!...


comprei todas as Cais que conseguia ali na hora, com o dinheiro que tinha no bolso, aliviando-lhe assim a carga, espero nos dois sentidos, que trazia às costas... pelo menos por esta noite!...


quem quer então uma Cais? ofereço eu!...

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provavelmente...

... a melhor música pós-coito do mundo de sempre...

... a recuperação do fôlego com um cigarro, o pedaço de nós que morre com a entrega dos corpos & se esfumaça lentamente no ar...
... a sensação de abandono nos braços de quem - por sorte ou azar, mas sempre arte do destino - fôr...
... o fim de tudo, o início de nada...
... a (des)ilusão, a (in)satisfação...
... a solidão de um acto tão partilhado...
... & tão unicamente por cada um sentido!...

a versão original...



... e a respecitva versão...




... escolham a vossa voz!...

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por vezes

por vezes,
não estou próximo de ninguém

& nem de mim, sinto!...


gostaria que este dilúvio

de água morna

me lavasse

& levasse

o tanto de Eu

que há em mim!...


por vezes,

não assim,

tão poucas.


Dezembro, 2009

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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

frigido

frigido,

de coração gelado,

sob o sol ameno do fim de tarde

de um verão quente...

uma praia cheia de mulheres!

umas novas...

... jovens, no auge ou a caminho...

... como que no pico do sol!

outras já ou mais velhas...

... gastas, cansadas e marcadas...

... como o fim de tarde!

... um mundo infinito de possibilidades

& probabilidades!...

... tanta beleza por descobrir,

na beleza da descoberta!

mas eu,

frigido,

de coração gelado!...

Julho, 2009

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domingo, 15 de novembro de 2009

deve & haver

deveria ter,
efectivamente,
morrido com 27...

... na verdade, morri...
... uma parte em ti...
... outra em mim...
... mas não (n)a totalidade...

e agora, essa (ir)responsabilidade,
de não ter morrido...
... pesa-me nos ombros,
qual peso do mundo...
... peso do teu mundo!...


haviamos de ter sido,
realmente,
tudo até aos 27...

... na verdade, fomos...
... uma parte de ti...
... outra de mim...
... mas não (n)a totalidade...

e agora, essa (ir)responsabilidade,
de não termos sido...
... pesa-nos nos ombros,
qual peso do mundo...
... peso do nosso mundo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

neurosis

hj o sol brilha... escandalosamente...
... quase me sinto ofendido...
... com tão negra decepção dentro de mim!...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

leaving hope

... em três palavras talvez me poderia descrever agora... tristeza, frustração e destroço...

... abandonado de e pela esperança de algum dia ver concertado o que veio a ser quebrado ao longo dos anos...

... umas maiores, outras mais pequenas ou mero pó, até de pegar nesses cacos se perdeu a capacidade, a vontade, de colocá-los no lugar...

... peças que faltam, fissuras demasiado largas ou fundas, um estilhaço completo, colado a custo e a cuspo...

... e placidamente observou-se à desconstrução de algo em tempos visto como perfeito e inabalável, digno de admiração, servido como exemplo romântico de valores que tão bem cabem no sistema vigente, na moral aceite...

... sim, primeiro levou uma marretada, depois, lentamente, foi espezinhado com uma calma sádica disfarçada entre a tortura e o prazer de partir o que se (re)construía... demais, demasiadas vezes sem conta...

... no fim voltou tudo ao que era dantes, peças de desapareceram, outras que não encaixam ou que não se querem deixar encaixar...

... desolados e quiçá definitivamente resignados, ainda se olha, de forma atónita, as mãos sangradas de cacos cravados na carne e o pó acumulado por baixo das unhas...

... triste, por ter perdido tão belo ideal...

... frustrado, pelo falhanço rotundo na sua perseguição...

... destroço, por sentir que, afinal, a inevitabilidade acabou por se concretizar e as nuvens que, no fundo, já se vislumbravam no horizonte, acabaram por alcançar, tempestuosamente, o frágil equilíbrio do que ainda se vinha a segurar!...



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